quinta-feira, 31 de março de 2011

Um grito

Ouve-se um grito que se sabe ser nosso. Vem do silêncio interno, junta-se ao ruído alheio.
É um berro, também, tranquilamente desesperado. Abafado e contido, que se revela por se não encontrar o ouro que não se procura. E ignora-se. Depois, nas imediações da vontade, anti-corpos limitam a acção. Mas não se reconhece a maior das fraquezas. Talvez sim. Antes, na auto-estrada, o acaso levou-nos à mina. Não à nossa mas à de alguém que, afinal, nos faz descrer da loucura.

sábado, 26 de março de 2011

E o tempo?

Podia olhar, como alguém já o fez, para as páginas passadas. Recordar os passos, as etapas, e reafirmar o quão as coisas são efémeras. Mas à primeira tentativa um leve arrependimento. Afinal, não será motivo para tanto.
Depois do berro, presumível, de 81, veio tudo o resto, a galope. Sobram risos, lágrimas, sensações, gente. Aceito tudo isto, mesmo que não perceba o porquê do que quer que seja. Atribuo todas as responsabilidades à natureza e ao amor entre as pessoas. Quanto àquilo a que me fez aqui vir, limito-me a reconhecer não perceber o tempo e a ousar afirmar que, por mais que o homem caminhe, jamais será capaz de o compreender.

terça-feira, 8 de março de 2011

O dia em que me senti velho

Era fim de tarde e o dia sem começar. No diabólico passar das horas a certeza da inutilidade das mesmas. Mesmo assim, um passivo olhar em volta impedia decisões correctas.
Vivemos de escolhas, das acertadas e das outras. Mas quando se tem a certeza que o critério desequilibrador passa, apenas e só, pela falta de coragem, sejamos honestos em reconhecer que o problema não está em errar. O problema é outro e é pior de suportar.
Escrevo sobre o que realmente interessa: a aspiração a se poder caminhar com um sorrido nos lábios.