domingo, 26 de setembro de 2010

Ela

O fascínio do lugar ainda o invadia.
Vinte anos feitos, tinha ainda frescas convicções por amadurecer. Por isso, quando entrou na festa, levava toda a ilusão da descoberta, mais que confirmada quando lá entrou. Via as pessoas e tudo o resto e sorria porque nunca tinha visto nada assim.
Estava nisto quando a viu pela primeira vez.
Alguém os apresentou e falaram um pouco. Seguiram concertos e aperceberam-se dos gostos comuns. Depois falaram de política e discordaram: ela irredutível, ele seguindo por outro lado. Mas compreenderam-se e ele, pelo menos, pensou nela toda a noite.
O dia seguinte acordou, viram-se e sorriram.
Uma chuva mansa começou a cair na altura da grande dança. Todos saltavam, cada vez mais, à medida que a chuva aumentava de intensidade. Ninguém se importava. Todos eufóricos, eles também.
Depois abrigaram-se e, sentados, esperaram por quem queriam ver. Cantaram baixinho ”vou morrer em Zanzibar”.
O temporal piorou e a festa acabou pouco tempo depois. Tinham que se despedir e disseram adeus. Assim, sem nada mais.
A imagem dela seguiu-o por muito tempo. Era ela mas não se voltaram a ver.
O ano passado cruzaram-se. Nas mesmas circunstâncias, no mesmo sítio. Olharam-se e conheceram-se, falaram um pouco, seguiram caminho. Da mesma forma, sete anos depois. Assim, sem nada mais.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O caminho e dois pés

Do chão já pisado ressaltam experiências. Opções óbvias contrariadas, outras seguidas só porque sim e muitas coisas boas.
No dia em que chegar o cartão de identidade, talvez se ganhe a convicção que falta e o pó que se vislumbra na estrada não abrande o andamento.
Hoje, este poderia ser o resumo de qualquer coisa. Talvez até viesse a ser um salto rumo ao que aí vem.