domingo, 10 de julho de 2011

A falésia logo ali

Ao fundo, caindo sobre prédios e montes, o sol anuncia o fim da jornada. A luz percorre o céu, num espectáculo que não deixa indiferentes a poucas pessoas presentes na praia. Em frente, o mar está calmo e quente. Do caminho tinham sobrado cruzares com turistas de classe média-alta, de sotaque mais ou menos enervante, e uma ponte sobre um lago que, a esta hora, promete imagens quase irreais. É Verão. A preferência de parte de um país está aqui. Conclusão fácil, depois de anos a ouvir a palavra sortudo entrar nos ouvidos.
Um, dois mergulhos. Do corpo, agora libertado, são expulsas tensões acumuladas. Algum conforto, de validade limitada. O rosto gosta da leve brisa. O pensamento regressa ao dia de ontem, ao de antes de ontem, sempre igual, e sugere um amanhã. Conclui-se, pela enésima vez, que corpo e lugar não se compatibilizam por simples insistência.
A noite caiu. O escuro do céu trouxe a calma mas por hoje chega. Grupos vão saindo de um bar barulhento. Gente moderna, contente com o ‘status’, que exibe pares de óculos de sol na penumbra e que se torce ao ritmo de suposta música. A ponte permanece intacta. Mal iluminada, agora.
Pedala-se rumo ao destino. Passeios ajardinados envolvem o caminho, a bicicleta contorna famílias britânicas em passeios tranquilos. E adivinha-se uma noite agitada. Deste lado, há força para mais um dia. É isso: haverá mais, amanhã. Sítio bonito, este, mas vazio. Já passou muito tempo, nunca serei daqui.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Uma pessoa

É-se sem se pedir.
Houve um decisor arrogante. Agora há passos e caminho.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Vocês

E então, ainda dorme?
Nem se mexe.
Não estará acordado?
Só se disfarçar muito bem.
Nem para comer se levanta. Não será melhor dar-lhe um abanão?
Às vezes é o que é preciso. Mas vá um gajo saber o que é que ele quer.
Anda, deixa-o ficar aí. Deixa a música a tocar.