quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As viagens e as pessoas

Corajosos contam as suas histórias. Descrevem-nas em conversas, passam-nas para livro. Seguem de mochila e na descrição das coisas emocionam-se: pela sensação dos lugares, pelo gosto aos iguais. Já se não contam os sinais que apontam ao mundo. Aquele livro foi só mais um apelo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Ele

Ele seguia em passo lento. Descontraído, olhava as pessoas mas também os edifícios que ia deixando para trás. Naquele momento, apenas o que via interessava e o aspecto geral da cidade era o suficiente para o deixar feliz. Fixou o olhar no velho que coxeava e compreendeu que a fachada daquele edifício antigo mereceria um restauro. Por isso não voltou à tarde apaixonada do dia anterior nem recordou o livro há pouco terminado que numa noite fria o fez chorar. Continuou. Saboreou o rio e não sentiu qualquer orgulho profissional, parou na mercearia e atrasou o telefonema que a família aguardava. Já com pouca luz, teve a noção que chegaria tarde aos ensaios. Mesmo assim, e já certo do raspanete, sentou-se e partilhou um banco de jardim. Quando, dali a uma semana, estivesse do outro lado do mundo, talvez viesse a pensar nos amigos que por cá deixava e nas noites de copos por uns dias adiadas. Agora, fechava os olhos e respondia à pergunta da criança que o fitava: “sim, está tudo bem”.